terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O prefeito pica relógio na praia

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O prefeito pica relógio na praia
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Na tal cidade o prefeito diz que às 05:00h já está fazendo a sua caminhada na praia. Despachando com o Sol e Iemanjá. Só um Morro Careca e Mãe Luíza podem servir como testemunha da sua rotina diária. Diz ainda que já está acordado, enquanto muitos ainda estão dormindo, como os que acordam para criticar o prefeito. Mas duvidamos que antes das 06:00h esteja em frente a uma padaria para comprar pão quente e pegar jornal. Tomar um cafezinho com o público presente e comer um simples pão com manteiga, em pé de frente ao balcão. Nem sentado comendo uma buchada com cuscuz e tapioca; batata doce e jerimum com queijo de coalho na chapa; macaxeira com manteiga de garrafa. Não abre um carteira, para colocar um queijo manteiga, quiçá para deixar uma gorjeta.

Não faz a caminhada para depois pegar um ônibus, e disputar lugares com pessoas que partem para destinos diferentes e lugares distantes. Não precisa atravessar um ponte, nem trafegar por ruas cheias de automóveis, descer em uma parada e aguardar passar uma infinidade de carros, para alcançar o outro lado da rua em busca de uma calçada, Não para em um semáforo para comprar seriguela e pitomba, para comer nos intervalos do trabalho.

Tem carro esperando na porta, evitando que pise no chão, e até que fique suado, manchando suas camisas sempre em tons de azul, que podem denunciar uma marca de suor. Andando de carro,  além de ser confortável, evita andar por calçadas, com riscos de conseguir uma torção. Tem seus assessores que fazem uma coleta das principais notícias diárias, preparando um Clipping para deixar em sua mesa. Tem equipe para cuidar de suas redes sociais.

Tem uma equipe de secretários para cuidar da departamentalização da prefeitura. Uma antiga estratégia de guerra, evitando uma só  responsabilidade. Mas as estratégias só funcionam em tempos de guerras, nos tempos de paz é preciso assumir responsabilidades. Mas não tem como averiguar o trabalho e o comportamento dos secretários, está sempre muito ocupado com compromissos de agenda, lugares onde é necessário mostrar que existe e não é um factoide.

E no pingo do meio dia onde estará o prefeito. Em restaurante popular enfrentando fila; degustando uma casadinha de coxinha e suco na cigarreira da esquina; comendo um guisado ou um bode torrado no camelódromo? No pico do meio dia, que frita ovo na calçada, remexe o povo mais que minhoca em terra quente, deverá estar em algum local fechado com ar condicionado. Resta saber se tem cozinha própria ou usa sistema de Delivery.

Levanta cedo para uma caminhada, pare ser visto por um Morro Careca e Mãe Luíza. Em um tempo passado já foi visto caminhando pela orla, pelo Pão de Açúcar, pelo Corcovado, e um enorme gigante deitado. Não frequenta o Buraco da Catita ou o Beco da Lama, depois de frequentar o Baixo Leblon. Não se arrisca a ir ao Zé Reeira, depois de frequentar a Pizzaria Guanabara. Não subiu a Rocinha nem sobe em Mãe Luíza, para fazer caminhadas com alto impacto e grande resistência aeróbica. Não vai no Passo da Pátria, nem na rua da Passagem, passando pelo suvaco do Cristo.

No final do dia deve voltar para casa, um apartamento com as janelas de frente para o mar. Tem a brisa marítima para entrar pelas janelas. Tem um horizonte a sua frente, podendo ficar horas parado admirando, o nada. Não existem acidentes geográficos, e a passagem de um navio é rara. Não há novidades que destaquem um futuro, só pensamentos passados.

RN 03/01/2017

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