quarta-feira, 15 de março de 2017

Quando os cupins comeram Bocage

Quando os cupins comeram Bocage
PDF 881

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imagem ilustrativa: https://www.google.com.br/search?q=bocage&site=webhp&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwim7Nbe0djSAhXBEZAKHT1CA1QQ_AUIBigB&biw=1093&bih=534#imgrc=91xWSUHARpynSM:

Histórias foram contadas. Como a de nádegas alvíssimas e nobres, exalando flatulências aromatizadas. Que ao terminar a obra, entre os glúteos percorreram histórias, como cartas e recados da pessoa amada.

Um sarau inusitado, um sarau fora do comum, fora de uma mesmice eclética. Um convite inusitado surgiu na página de redes sociais. Um sarau com mostra de jóias, mais a oratória poética exótica e erótica. Erótico pela bibliografia sugerida sobre a mesa da sala, e exótico pelo perfil dos participantes. Talvez eclético para os críticos ao texto. Eram profissionais diversos das áreas de saúde e das exatas.

Uma arquiteta que defende uma tese, de que o calouro universitário pode transformar um lâmina de celulose bidimensional, em algo ganhando status de tridimensionalidade, como um objeto, com técnicas de ensino de origem japonesa. Uma engenheira que dobra e amassa, modela, derrete e corta, elementos e fios de prata, transformando em peças para usar junto ao corpo. Corpos dinâmicos com arquitetura própria, para uma poeta, a princípio de gaveta. Arquiva suas poesias em pastas suspensas, de gavetas corrediças, juntos com papéis vegetais exibindo plantas. Uma médica especializada em SUStos do sistema de saúde, da puericultura à adolescência. Um físico que agora olha para as estrelas, para descobrir novos astros, novas constelações e aglomeradas, que designará seus nomes por siglas, como CGS e MKS.

Perto do morro do Careca, do meio da mata surgiu um João para ajudar a engenheira manipuladora de metais nobres. Evitaria reações a ações iguais, mas de sentidos contrários, e que o ambiente entrasse em ebulição. Seus poetas maiores: Newton, Fahrenheit, e Ohms. Tinha o compromisso maior de criar as estruturas do sarau a ser construído. Baseado em plantas e desenhos da engenharia e da arquitetura. uma sociedade de longas datas, em uma mesma casa na redondeza das dunas, com ruas que lembram praias..

Sobre a mesa uma coleção de livros, de Marquês de Sade ao Kama Sutra em quadrinhos, em uma versão para crianças. E foi da mesa com livros expostos que surgiu Bocage carcomido por cupins, mas com uma nova roupagem. Agora de capa dura, escondendo seus buracos, entre as capas.

Em outra mesa iluminada, a exposição das peças. Amassadas, torcidas e chapadas. Brilhos diversos pelo ângulos da luz, sobre chapas planas. Fios de aço e fios de couro passando sobre e entre contas de pedras formando pulseiras e colares. Todas tinham a mesma assinatura com um mesmo CREA.

A engenheira prateada conhecedora de Maringá diversos, no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, ainda tinha conhecimentos castelhanos e baristas adquiridos no bar Celona. Lugar onde aprendeu a consumir claras e tapas.

Um vinho ajudou as preliminares poéticas, para um aquecimento da língua, Algumas ausências e partidas do espaço oferecido, foram precoces. Tudo aconteceu como uma rapidinha. Era meados de março, prenúncio de abril.

O grande legado de Cristo estava presente nos instrumentos de trabalho da arquitetura e engenharia, com esquadros, compassos e réguas. Nas cordas de um violão que tocava, pautado em gráficos de notas. E nos gráficos da física, marcando fenômenos ao longo de um tempo. Na medicina a cura começou com uma cruz sobre o peito dos hospitalários, com religiosos a serviço da cruz. E o médicos trocaram o crucifixo sobre o peito, por um instrumento de ausculta. Ambos, médicos e hospitalares, na ausculta do coração do paciente, que precisa de remédios e de cuidados, muitos abrigados e um hospital, resultado dos antigos hospitalários.


RN, 15/03/2017

Roberto Cardoso Maracajá
RM & KRM



segunda-feira, 13 de março de 2017

stress de leonina

Foto ilustrativa: https://www.google.com.br/search?q=leoa&site=webhp&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjc4t6SkNPSAhXLiJAKHWNpBW4Q_AUIBigB&biw=1093&bih=498#imgrc=LJI_m6fLGOKtIM:leoa protege.jpg


stress de leonina
PDF 879


O estresse pode começar por morar em uma cidade estressada. A vida diária de enfrentar a cidade, com insegurança urbana, e dúvidas sobre os transportes, mais o trânsito que pode apresentar dificuldades. Obras nas ruas e excesso de carros, tornaram inviáveis os cálculos de  uma previsão de tempos, para deslocamentos. O stress da cidade afeta a coletividade. Daí então surge o stress com características particulares. O stress inerente à pessoa.


Cada leonina quer ser a dona da prole, criando e colecionando problemas para serem solucionados. E vem o stress do dia a dia. A vida diária com compromissos do trabalho, compromissos da faculdade, e os compromissos de uma casa. A faculdade demanda um tempo, ocupado fora da estrutura educacional, com leitura de textos e livros. O trabalho com tarefas diárias, sempre sobra uma tarefa para o dia seguinte. E no dia seguinte, além das pendências anteriores, novos problemas com agenda marcada. A casa expõe seus problemas ao se abrir a porta. Problemas e tarefas para que possa funcionar no dia seguinte.


O resultado da vida diária é refletida no corpo, com efeitos somáticos denunciado nos órgão e partes do corpo. Os estômago que digere os alimentos, também digere as ideias e os comportamentos. Ácidos eliminados pelo órgão digerem os alimentos. Atacam as paredes do órgão quando o estômago está vazio e os problemas circulando pelo lado de fora. Os dentes são a expressão da força, que sofrem um desgaste e um abalo com o tempo.


E a solução para tudo pode ser uma dieta. Uma dieta de alimentos, mais uma dieta de comportamentos. Identificar o que é necessário ou não é necessário consumir e digerir diariamente. Por vezes pode ser interessante dividir o prato de problemas, com aqueles que estão mais próximos. Uma dieta de alimentos não proporciona apenas uma mudança na alimentação, mas principalmente uma mudança de hábitos. Ninguém consegue e ninguém deve, consumir alimentos de dietas, com a mesma pressa que se come um fast food. Muitas vezes em pé e bem rápido, e no escritório na mesma mesa onde estão espalhados os problemas. Um alimento de dieta tem um ritual de preparação e um ritual de degustação, procurando identificar benefícios, aromas e sabores. E isto demanda um tempo, baseado na paciência e na calma,


RN, 13/03/2017


Roberto Cardoso Maracajá

RM & KRM

sábado, 11 de março de 2017

En La Bodeguita, mojito taller

En La Bodeguita, mojito taller
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Os ares de Cuba chegaram ao mercado de Petrópolis de Natal/RN. O mercado decadente de frutas, hortaliças e legumes, segue a sua tendência de trocar sabores por saberes, como prato principal daquele espaço. Dividindo o espaço com leitores, escritores e livreiros. Sobre as mesas e cadeiras o prato comestível deixa de ser o principal, sai comensal e entra o leitor, para se consumir letras e livros. A cachaça, a cerveja e a aguardente, tendem a serem substituídas por cafés de diferentes sabores; águas aromatizadas e com temperaturas diferentes. O mercado tem a função de social de mostrar e comercializar com o público: os filhos, os frutos e as raízes da terra. Com aromas e cores, saberes e sabores. O bidimensional do papel e o tridimensional do alimento. A Bíblia já dizia que tudo poderia ser provado, exceto um livro, o livro do professor, onde está guardado um segredo.

Continuando uma jornada cultural, iniciada com o que se produz e se consome na terra, o mercado segue o seu caminho. O início de uma cultura que começa no campo, entrando no espaço da cidade com produtos em um mercado. Dos saberes e sabores, criam-se cantos e danças transmitidos por gestos e oralidades. E depois registram-se os conhecimentos em textos e livros, com o medo que a oralidade se perca e seja modificada. Podem ser adulteradas por piratas da cultura. Inserindo e modificando os primitivos comportamentos. Como confundir pensamentos com forrobodó, forró e for all. Natal a cidade aberta, invadida pelos ventos, que trouxeram caravelas pelos mares e aviões pelos ares, com cabeças pensantes embarcadas.

E a comitiva potiguar da feira literária em Havana, voltou para contar suas histórias, trazendo na bagagem sabores da Ilha, com uma oficina de preparação de mojito. A oralidade com ritmos e músicas, contando suas histórias e a sua cultura. Alguns chegaram exibindo suas camisas goiabeiras e chapéus modelo panamá, para mostrar que mergulharam em uma cultura, com o corpo e a cabeça, por onde se hospedaram e por onde passaram. O mojito inebria o corpo e atinge a alma. O manuseio das folhas de hortelã, bem como a obtenção do sumo do limão, exalavam seus aromas por intermédio de um ventilador, próximo a mesa de preparação. Faltaram apenas as imagens, para completar as sensações organolépticas.

Na plateia presente: atores e atrizes do mundo do palco e das ruas. Leitores e escritores, de textos e livros; raízes e nutellas, e até uma gafeira. Novos e idosos; pais, filhos e netos. Alunos e professores com suas comitivas. Todos queriam participar do que aconteceria na caverna do mercado de Petrópolis. Alguns já desejam que os encontros ali, se tornem constantes. Encontros literários e gustativos, que fortaleçam os saberes e os sabores, com trocas de depoimentos e experiências.

E as imagens surgiram em uma tela, como uma linguagem traduzindo a Ilha, para os que não estiveram presentes, participando da comitiva do paquiderme norte-riograndense. Cuba foi mostrada em imagens, pelo ícone da festa. Aluísio que plantou a semente da excursão, fez das imagens na caverna Platão, o seu texto a ser apresentado, mostrando os frutos colhidos da semente plantada.

O mito da caverna de Platão permanece com o uso do data show, fazendo os espectadores imaginarem o que acontece do lado de fora, com luzes e sombras, projetados em uma tela ou parede da caverna. Para encontrar a realidade é preciso estar do lado de fora e viajar para Cuba. O conhecimento é adquirido por viagens, e alguns a conseguem colocar em um texto. Para que tomem conhecimento os que não viajaram.

O mercado segue sua missão cultural de divulgar sabores e saberes. Mas ainda é preciso mudar sua linguagem na porta. Onde ficavam os jumentos amarrados, estão estacionados cavalos com medidas em HP. Impedindo a entrada de pessoas, e pedestres de circularem nas calçadas, os que buscam acesso ao conhecimento e cultura. O grande erro da cidade de/do Natal, em achar que todo lugar é uma bodega, onde se pode amarrar o jumento na porta. Daí então os donos de cavalos em HP, se acham com direito de ocupar as calçadas e as portas de comércios. As motos circulam livremente pelo passeio público, como se estivessem em uma estrebaria, procurando um cocho com água ou ração. Até que encontrem uma rampa de cadeirante, que entendem como saída, para seus cavalos de aço.

RN, 11/03/2017

quinta-feira, 9 de março de 2017

O índio mauricinho

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O índio mauricinho
PDF 871

Certa vez, um índio mauricinho desfilou pelas ruas, calçadas e prédios de Natal e Parnamirim. Chegou de uma tribo distante, perto do limite norte do território brasileiro. Chegou com seus apetrechos e aparelhos tecnológicos, dando um upgrade à sua cultura. Desfilou pelas ruas, trajando bermudão, tênis de marca e meião atlético; e sua T-shirt sempre combinava com algum dos seu cocares, dentre os vários que usava. Desfilou pelas ruas e avenidas, conduzindo um carro tipo buggy defendendo a preservação da floresta amazônica, mas a combustão de seu carro não libera oxigênio, apenas monóxido de carbono. Ensinou o povo da cidade a se pintar como silvícolas, mas com tintas sintéticas e atóxicas, apropriadas e certificadas para uso dermatológico. Não se atreveu a pesquisar corantes em feiras e mercados.


Durante os eventos que foi convidado, o índio estava sempre conectado, falando com seus deuses em outros pontos do planeta, nos confins das florestas. Mas não enviava sinais de fumaça ou batidas em troncos, mas sim com SMS, WZap e com aplicativos messenger. Com o aparelho ligado, sempre seguro com  as mãos, com o deslizar dos dedos sobre a pequena tela, desviando a atenção do que era falado ou proferido em painéis, palestras e entrevistas. Pela rede social mantinha o contato com a tribo, talvez fosse o cacique em uma epopeia, construindo uma história de entronização nas cidades. O índio tinha como seus deuses na academia; Milton Santos, Bertha Becker e Yves Lacoste, se dizia geógrafo em trabalho de campo. Podia ter um lacoste bordado em sua camisa polo.


E um escritor de meia pataca apresentou o índio a sociedade poética da cidade, para exibir suas telas de cores com pincel de marta e betume da judeia. Na casa do escritor, o índio ficou hospedado, pode ter construído uma oca no carpete da sala. Um escritor acostumado com soquetes e cadinhos, construindo uma vida acadêmica de mestrado e doutorado com folhas maceradas, criando uma pasta de celulose e clorofila, defendendo ideias, com monografias, dissertações e teses, no estilo literário do conhecimento científico.


O índio e o escritor sertanista, seguem suas carreiras acadêmicas em busca de conhecimentos com  reconhecimentos e títulos, até que possam obter títulos e reconhecimentos dos mestres e doutores, pairados sobre suas mentes, dentro do meio acadêmico, dominado por um grupo. Dos que se dizem ser os dominadores, conhecedores e produtores do conhecimento, depois de observar o empírico, para transformar em científico. Daí então, apropriam-se do conhecimento do povo, registrando e tabulando em artigos e livros. E sem perceber que a ciência se torna sua nova religião, apontando resultados baseados no passado, que confiam e possuem uma fé, de acontecer no futuro, repetindo os fatos. O que não acontecer no futuro calculado, fica em stand by, já que não era esperado, ficam aguardando novos acontecimentos, até que outros fenômenos aconteçam. E possam novamente ser estudados, criando novas teorias e teses. A chegada da boa nova, e a volta de um novo mestre.


Em 09/03/2017


O índio mauricinho
PDF 871
por
Roberto Cardoso Maracajá
RM & KRM